sábado, 5 de dezembro de 2009

Hemangiossarcoma canino - quanto antes detectar, melhor

Hoje estou na casa dos meus pais e, diante do imenso vazio sem a Theodora por perto, me questino: Se tivéssemos detectado antes o câncer, ela ainda estaria aqui?
O hemangiossarcoma é um tumor agressivo e se desenvolve muito rapidamente.
Não sabemos por certo quando tudo começou.
Quando notamos Theodora quietinha, sem comer direito, e a levamos ao veterinário, as suspeitas iniciais eram de que a doença do carrapato pudesse estar se manifestando novamente
 Os exames de sangue chamaram a atenção pela alteração nos leucócitos, mas o veterinário daqui não recomendou um ultrassom e  o tratamento se resumiu a vitaminas e alguns medicamentos.
Quando  levei por fim Theodora  para Campinas, acomodei-me no fato dela estar já medicada e não a levei imediatamente para o outro veterinário - foram cerca de 10 dias até a nova consulta para um segunda opinião.
Esta semanas foram cruciais, uma perda de tempo incrível.
 Felizmente o veterinário de Campinas foi rápido para recuperar o tempo perdido: entre fazer a consulta, o ultrassom, o exame de sangue e realizar a cirurgia, foram menos de 24 horas.
Mas o tempo perdido foi o suficiente para as células cancerígenas se instalarem e meses depois, ressurgirem impiedosamente.
"O livro não mente", me disse o veterinário, abrindo as páginas de um pesado livro de medicina veterinária -
" A sobrevida para casos de hemangiossarcoma,  sem quimoterapia, é de 15 dias. Com quimioterapia, 120 dias em média" .
Eu duvidei do livro e duvidei do médico.
Mas o livro disse a verdade, uma verdade cruel e direta demais e contra qual lutei firmemente.
Theodora foi valente e resistiu bravamente à cirugia e ao tratamento; e não se deixou abater antes dos 120 dias se passarem.
 Mas na última semana, alimentando-se somente por soro, com o fígado comprometido, Theodora não resistiu.
Fiz de tudo para adiar esta partida..
Nos últimos dias, levava-a  duas vezes pro dia à Clinica para tomar soro, preferia ter que ir  e voltar do que deixá-la lá o dia todo, pois sempre acreditei que em casa ela se sentiria melhor, mais protegida e amada.
Foram dias de transtorno, revezamentos, noites em claro, mas todos da família fizeram de tudo para que Theodora se recuperasse...
Mas se o objetivo inicial deste blog era partilhar uma ponta de esperança aos que passam pela mesma situação, o objetivo agora também é dar uma dica: nunca passem muito tempo sem fazer um check up completo em seus cãezinhos.
E mesmo que o veterinário não indique, peçam e  insistam pelo ultrassom anual.
Se ele disser que não parece necessário, mesmo assim insistam  e façam.
Se detectados no início, os tumores são mais facilmente tratados, há mais chance de cura ou pelo menos, de mais tempo de sobrevida com qualidade,pois o tratamento começa mais cedo.
A gente nunca espera que isso aconteça, mas o fato é que pode acontecer.
Portanto, ultrassom pelo menos uma vez por ano é uma forma de protegermos nossos animaizinhos tão amados.
Ultrassom não é garantia de vida, mas é importante.
A perda da nossa Theodora foi um imenso  sofrimento e um imenso aprendizado.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Theodora, uma cocker spaniel em nossas vidas

Lembro do dia em que Theodora chegou em casa, cabia numa caixinha de sapatos.
Comprei-lhe um moleton azul de filhote de poodle, mas ela era tão pequenina que conseguia passar pela gola.
Quando decidimos, minha irmã e eu,  comprar um cachorro, queriamos um de porte médio que pudesse ficar  bem  mesmo morando em um apartamento.
Após muita pesquisa, optamos pela raça cocker spaniel inglês. Lemos tudo que havia sobre a raça e visitamos vários canis, pet shops, criadores.
Foram meses de uma exagerada e criteriosa busca pelo cachorro perfeito.
Conhecemos então a Dona Regina, cuja cachorrinha Edoarda havia dado cria. Com um pedigree digno de nota, Edoarda era uma cocker calma  e linda. Fomos visitá-la, por indicação da loja de animais.
Notei a mesa de centro da sala, baixinha, cheia de livros e cristais, tudo em perfeita ordem. Nenhum sinal de travessura canina.
Dona Regina explicou: Edoarda morava no apartamento e era comportadíssima e calmíssima, mas quando ia para  a fazenda se esbaldava, rolava  na grama, na lama, corria atrás das galinhas...
Era justamente o que queríamos, um cachorrinho que se comportasse bem dentro de casa, mas, ao ar livre, fosse animado, esperto, companheiro de brincadeiras!
A ninhada tinha vários cachorrinhos, todos lindos.
Dona Regina mostrou as feições da cabeça dos filhotes, orgulhosa da perfeição e da linhagem dos pequeninos. O cocker tem um determinado formato desejado para a  cabeça, como a forma  de um ovo no cocoruto.
Enquanto conversávamos no quarto de empregadas, onde estava a ninhada,  uma filhotinha saiu dali a aventurou-se sem medo pela lavanderia afora, desbravando o espaço com curiosidade.
Era preta, com sobrancelhas castanhas - uma black and tan com carinha de brava e pelos muitos macios.
Tive certeza: era ela. Tinha que ser ela.
 Destemida, corajosa, esperta e  linda.
Dona Regina  a havia batizado de Bárbara, pois o nome traduzia  o que ela era:  barbaramente bonita.
Mas eu já havia escolhido seu novo nome, e que combinava perfeitamente com esta cocker que seria nossa grande amiga por mais de 10 anos : Theodora, a filha da Edoarda com o Beethoven.
Theodora, a  cocker spaniel mais leal e valente que o mundo já viu.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Uma pequena cachorrinha deixa saudades do tamanho do mundo

É incrível, perdi as últimas postagens. Mas mesmo tendo-as perdido, não me incomodo .
O fato é que cada vez que falo da Theodora, uma saudade imensa me invade o coração, transborda pela mente e se derrama pelo teclado, deixando as palavras impregnadas de um vazio misturado com uma imensidão de amor.
Como é possivel  gostar tanto de um cachorrinho? Como é possível sentir tanto a  sua falta?
Existem serezinhos que vêm de encontro às nossas vidas apenas para nos relembrarem sobre  o amor incondicional.
Este foi o papel desta cocker spaniel guerreira, tão amada e tão especial para todos nós.
No quarto, há  um copo com uma pequena orquídea para Theodora, um pequeno tributo em agradecimento pela amizade de tantos anos.
Espero que esta história inspire as pessoas a não desistirem de seus animaizinhos.
Theodora  não viveu pra sempre, mas, enquanto viveu, foi uma fonte inesgotável de lealdade e alegria, mesmo quando estava fazendo quimioterapia  e lutando contra o monstro do  hemagiossarcoma canino.